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Luta de classes
23 agosto, 2010“Dias de Greve”, de Adirley Queirós, é um filme que já de começo me chamou a atenção por parecer muito com longas brasileiros que vemos nos cinemas — diálogos com palavrões, discussões em que parece que os personagens vão sair na porrada mesmo, algo mais parecido com a realidade, ou seja, menos maquiado. Embora tenha 24 minutos, é bem dinâmico e não dá tempo para o espectador ao menos piscar.
Ele conta a história de um grupo de metalúrgicos que resolve fazer greve por melhores salários, mas que não tem uma homogeneidade de pensamento, o que causa muita discussão e faz com que o movimento grevista perca sua força. Há cenas que me remeteram muito ao marxismo. Por exemplo: aquela em que os trabalhadores voltam à atividade contra a vontade e o chefe deles está na porta; alguns funcionários passam trombando nele, outros de cabeça baixa, outros olhando feio, o que deixa aquele sentimento de “luta de classes”.
Em outra cena, o patrão chama os funcionários mais importantes para uma conversa, pois todo mundo voltou a trabalhar, mas não com o mesmo empenho. Na conversa, ele tenta convencer os metalúrgicos a “pararem de birra” e trabalharem direito, usando o argumento de que daqui a algum tempo eles podem sentar para falar sobre um aumento. Mas, ao ver sua proposta rejeitada, o patrão puxa um bolo de currículos e fala que “conseguiria um monte desses pelo salário de vocês”, deixando mais claro ainda a questão das classes.
Para quem gosta de filmes que fazem com que se saia do cinema refletindo sobre assuntos importantes, “Dias de Greve” é uma boa pedida. (Henrique Góis)
“Dias de Greve” está na Mostra Brasil 8.
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