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Fantasia contra a solidão
22 agosto, 2010“Azul”, de Eric Laurence, parte de uma idéia boa e pertinente hoje, o tédio das pessoas e suas necessidades de fantasiar alguma coisa para deixar a vida menos monótona. Sair da mesmice e, com isso, fazer com que nossa vivência seja intensa como a letra de uma música que tem sua beleza mesmo falando de solidão.
O filme deixou em mim uma sensação de que deveria ter 10 minutos e não 20. Quando chega ao final e a história se desenrola, já está tão maçante que não causa o impacto que deveria.
Outros curtas a que venho assistindo também estão exagerando nas sequências sem diálogo. Percebo uma preocupação exacerbada com a fotografia e a iluminação; muitas vezes, são seqüências de imagens bem feitas que, pausadas, dariam quadros que eu colocaria na sala da minha casa, mas que não contribuem na estruturação do filme.
Quero deixar claro que não estou falando que todas as cenas precisam ter diálogos ou que não se possa fazer um filme sem eles, mas algo diferente. Quando se coloca uma trilha ao fundo e uma seqüência de imagens, passamos para o espectador o sentimento do personagem, sensações ou a força dramática da situação, e isso é algo importantíssimo.
Sinto, no entanto, que alguns diretores estão passando do ponto e deixando os filmes um pouco monótonos. Recorro a “Azul” para expor algo que percebo em outros curtas brasileiros, mas vejo também no filme de Laurence muitos pontos bons, expressos nos prêmios que recebeu em festivais. (Henrique Góis)
“Azul” está na Mostra Brasil 7.